A Barra pode ser bem ruim, mas tenho que reconhecer
que o transporte privado oferecido por alguns condomínios aos moradores é um
tremendo adianto de vida. Então, desde que me mudei, raramente pego um ônibus
comum, só quando estou com muito preguiça de esperar o transporte privado, mas
às vezes até vale a pena esperar. Só o fato de saber que eu vou estar sentada,
com ar condicionado e sem gente se esfregando em mim já é um alívio.
Mas também tem os seus pontos negativos. Não é
porque o ônibus é privado que as pessoas são mais educadas que aquelas do
transporte público. Muitas vezes elas são até piores.
Por exemplo, no privado, sempre tem aquela pessoa
maravilhosa que acha que a mochila/bolsa/casaco/perna/etc tem que sentar na
poltrona do lado. E muitas vezes você, cidadão trabalhador e cansado após um
dia longo de trabalho, tem que procurar um lugar sem mochilas para
sentar.
Ou então aquelas pessoas que veem você entrar,
vocês trocam um olhar, e ela rapidamente se finge de morta para não ter que
levantar. E você fica com pena de acordar a filha da mãe ou não porque vai que
ela na verdade só estava semiacordada e você vai atrapalhar o sono dela?
Também tem aquela gente que tá há um tempo sem
falar com a família e resolve colocar a fofoca em dia dentro do ônibus, e acha
que você também é obrigado a saber que a Letícia pegou o namorado da Sabrina e
que depois disso as duas se descobriram lésbicas e o Ricardo, ex-namorado da
Sabrina e ex-peguete da Letícia, ficou sem ninguém e acabou entrando para a
igreja. Essas também são ruins.
Mas o pior mesmo é aquele tipo de pessoa que acha
que você quer bater papo com ela, sendo que na verdade você só tá muito cansado
e só quer dormir. Mas nãaaao, a pessoa resolve falar com você o caminho
inteiro, e não importa se você está com fone de ouvido, ou fingindo dormir, ela
vai falando e falando e falando e falando e você se pergunta: Por que Deus?
Às vezes acho que além do aviso de "proibido
fumar", deviam colocar um "Por favor, fiquem em silêncio".
Mas, como eu disse, às vezes vale a pena. Pensei
nisso hoje quando saí com uma amiga minha (oi, Yuu!) e pegamos o metrô.
Foi um dia bem atípico no metrô. Primeiro porque
hoje é domingo, feriado e o metrô estava cheio. Cheio, tipo, dia de semana,
17h, horário de pique depois do expediente.
Além disso, todo mundo gosta de ir à praia,
principalmente quando faz sol. Então o metrô estava cheio pra caramba, com todo
mundo meio semi-nu, molhado, bebendo cerveja, suado, falando alto e enfim, bem
clima de domingo pós-praia.
Mas nada é pior do que estar em um lugar fechado,
cheio de gente e de repente um infeliz soltar um pum.
Sério.
Eu sei que às vezes não dá para controlar, é mais
forte que você, mas gente. Por favor. Não. Não. Não. Que você morra por causa
de um peido entalado, mas não faz isso dentro do metrô. Principalmente quando
ele acabou de fechar as portas e todo mundo lá dentro vai ter que esperar pelo
menos uns dois minutos para poder ter um pouco de ar novo. Porque você vai
estar condenando todos lá dentro à uma morte terrível. As pessoas nunca sabem o
que fazer em uma situação dessas. Se respiram, se não respiram, se se abanam,
se procuram quem está com a mão amarela.
Fica todo mundo meio atordoado.
Lembrem-se que eu falei que hoje foi um dia atípico
no metrô. O pum foi ruim, mas é algo normal do ser humano. No entanto, esse
gerou uma comoção dentro do vagão.
- AHHHH, NÃO. NÃO. QUEM FOI?
- MANO, POR QUE, VAI SE FODER. QUE FEDOR.
- PEIDOU MAL PRA CARAMBA EIN
- QUEM FOI
- TEM CRIANÇA AQUI DENTRO, POR FAVOR
- SOCORRO
- AI MEU SENHOR, QUE QUE ISSO
Sou dessas que fica rindo em uma situação
constrangedora. E a minha amiga também, ficamos as duas rindo tentando respirar
até que o vagão parou, umas pessoas saíram, mas o cheiro ficou.
Acho que isso é o pior. O cheiro sempre fica.
- AHHH, A PESSOA SAIU E O CHEIRO FICA. BONITO
- VISH, OLHA A BRIGA
- JOGA ELE NOS TRILHOS
E todo mundo correu para a porta para ver a briga.
O que eu mais gosto de brigas, discussões e afins,
são os boatos. É interessante ver a nossa capacidade de mudar, construir,
alterar uma história tão rápido e em tão pouco tempo. A história que o pessoal do
nosso vagão inventou foi que os homens estavam brigando na plataforma porque o
cara A tinha soltado um pum e o cara B tinha ido tirar satisfação.
O vagão ficou parado por um tempão até algum
segurança apaziguar a briga, o que não foi de todo ruim porque deu tempo do
cheiro sair.
Enquanto estava lá tentando respirar fiquei
pensando em como gostava do conforto dos ônibus privados, mas que sentia falta
do transporte público por causa dessas histórias. Metrô/ônibus comum nunca me
decepciona no quesito de coisas interessantes para se contar.
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