domingo, 19 de outubro de 2014

Sobre ser gringa na própria cidade


A reação é sempre a mesma quando digo que sou do Rio para algum estrangeiro:
-   OH, RIO DE JANEIRO, FUTEBOL, CARNAVAL

Ou para alguém da cidade:
 - Nossa, nem parece! Parece européia!

Quando a pergunta "O que tem de legal no Rio além de praias" surge, eu sempre acabo ficando horas e horas pensando o que se pode fazer além do óbvio. Não que a cidade se resuma a isso, mas é que eu sei tanto quanto eles sobre a Cidade Maravilhosa: nadinha.

Não sei se isso tem a ver com o fato de que eu sempre morei no Rio de Janeiro, mas eu nunca me interessei pelas coisas que tem aqui ou reparei no quanto ela é bonita. Pra ser sincera, eu acho a cidade até um pouco feia. Quente demais. Muito cheia, tumulto, pessoas.

Por isso não me peçam dicas de turismo caso venham para cá. Não vou saber dizer nada muito além do que o Google mostrar.

De vez em quando sempre acontece de me confundirem com gringa. Claro que depois que eu abro a boca veem que não (valeu, sotaque), mas até mesmo quem é daqui às vezes acha que eu não sou carioca.

Na maior parte das vezes, eu até curto fingir que sou gringa porque ou as pessoas me tratam infinitamente melhor, ou então é muito engraçado ficar vendo elas tentando falar comigo.

Isso aumentou um pouco esse ano, com a Copa.

Essa situação acontece sempre no ônibus. Ou em algum transporte público. Normalmente é só o trocador do ônibus zoando com a minha cara porque eu não sei os nomes das ruas, ou então quando eu quero descer em Copacabana e pergunto se já chegamos quando o ônibus ainda está passando na Praia da Barra. Coisa que até mesmo um gringo saberia reconhecer, mas para mim não diz nada.

Quando é assim é de boa. Eu levo na esportiva. Mas também tem aqueles caras que abusam.
Tipo o taxista que queria me cobrar R$180 do Galeão (aeroporto) até a Barra. Ou o cara do sorvete na praia que queria me vender um picolé de brigadeiro por R$18.
Ou então o caso mais recente, de novo do trocador de ônibus, que foi mais ou menos assim:

Saindo do trabalho na Sexta-feira, peguei o meu ônibus para ir à faculdade. A passagem agora custa R$3 (ir pra rua não funcionou, né?), mas eu só tinha R$10.
Não precisa ser um gênio da matemática pra fazer essa conta. Eu sei até que um cara de humanas conseguiu perceber que eu tinha que receber de troco R$7 (Falo isso, mas tive que checar nos dedos se era isso mesmo...).
Só que a moça só me deu R$2.

-    Moça... Tá faltando.
-    Não tá não. – E aí ela apontou para a plaquinha com o preço da tarifa.
-    Sim, moça. Eu sei. Mas eu te dei R$10.
-    Tem certeza???????
-    Absoluta.
-    Tem certeza? Qual foi a cor da notinha que você me deu?
-    ... A rosa, moça. A de R$10.
-    Tem certeza? Eu acho que você me deu a de R$5, que é a roxa.
-    Moça... Eu sei ver cores e eu tenho certeza que te dei a de R$10.
-    Se você diz... – E me deu o troco certo dessa vez. – Mas acontece que vocês, gringos, sempre se enganam.


Bem, moça, só quero te dizer uma coisa:
 Você pode ser a gringa de amanhã, estar em um país estrangeiro, dar o dinheiro certo para a trocadora, e ela dizer:

uéeeeee, você me deu a quantia errada, são mais 10...

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