quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sobre transporte coletivo (II)

Pra quem não sabe, eu moro no Rio de Janeiro. Apesar de ter os seus pontos negativos, uma das coisas que eu mais gosto aqui é que tudo dá pra fazer a pé. Tudo mesmo, se você tiver disposição. Se você não é daquelas que curtem andar, o transporte público é uma boa opção. Ele pode ter os seus defeitos e, na maioria das vezes, tirar a sua paciência, mas a oferta é muito boa. Tem sempre ônibus, para infinitos lugares e eles estão melhorando. Até ando achando os motoristas mais simpáticos. O metrô também é muito bacana, não tenho mais usado com frequência, mas até ano passado ele era uma ótima alternativa.
Então, assim, reclamo quando tem que reclamar, mas não tenho coração de pedra, sei reconhecer os esforços e acho importante tentar encontrar algo de bom em todas as coisas ruins do mundo. *meta de 2015*

Estou escrevendo isso porque ontem à noite eu estava em uma 'festa' de trabalho, e precisava ir à Tijuca, mas estava com uma preguiça horrenda de pegar ônibus e de descobrir qual número eu deveria pegar para chegar à Zona Norte.
Enquanto andava em direção ao ponto mais próximo, olhei a rua e vi vários táxis. Vários mesmo. Achei irônico porque sempre que eu preciso de um, nunca tem; e quando tem, eles nunca param ou querem me levar para o meu destino porque, segundo os taxistas, "é muito engarrafado" ou "ai, é muito longe". O que me deixa bem brava, mas.
Fiquei pensando se estava disposta a gastar uns R$50 em um meio de transporte que iria me deixar exatamente onde eu queria, ou se gastava R$3,40 no outro que me deixaria mais ou menos perto do meu destino e andar por uns cinco-oito minutos. Depois desse dilema eterno que durou dois minutos, optei pelo ônibus mesmo porque né. Primeiro dia do mês, pra que gastar o meu suado salário de estagiária em um táxi? Optei pelo coletivo porque pelo menos eu não ia ser obrigada a falar com o motorista. Ou talvez sim, vai que eu tinha azar e aparecia um cara simpático querendo trocar ideia às 20h30 da noite?

Olhei a placa que indicava quais ônibus paravam naquele ponto específico e vi que tinha três opções. Como não conhecia nenhum deles, iria ter que perguntar ao motorista onde exatamente na Tijuca ele passava e se iria servir. Achei que fosse esperar um tempão, mas os deuses são grandiosos e um deles apareceu rapidinho.

- Oi, moço. Boa noite. Esse ônibus para na Tijuca?
- Depende de onde na Tijuca você quer parar.
- Perto da São Francisco, na rua da igreja.
- Passa, sim.
- Você pode me avisar?*
- Posso, mas você tem que me lembrar. Daqui até lá é um caminho muito longo.
- Tudo bem, obrigada.

* Sobre essa pergunta é importante ressaltar que apesar de sempre fazê-la e, na maioria dos casos, a resposta ser sempre positiva, raramento sou avisada. Posso contar nos dedos quantas vezes eles de fato me avisaram, por isso vocês têm que sempre ficarem atentos e checando o Google Maps no celular, se o telefone for bom. O que no meu caso não é, então nessas horas vocês precisam redobrar a atenção.

Curtindo a minha trilha sonora e pensando na vida, percebi que o motorista era meio louco. Na verdade meio é eufemismo meu. Ele era bem louco mesmo e era um péssimo motorista. Só naquela curta viagem até a Tijuca vi a minha vida passar diante dos meus olhos umas 15 vezes. Ele inclusive BATEU EM UM ÔNIBUS e seguiu dirigindo como se nada tivesse acontecido e só parou para olhar porque uma passageira começou a fazer um escândalo falando que ele tinha ~atropelado alguém~ sendo que???????
Depois disso umas pessoas quiseram descer e o motorista, com muito bom humor, gritou:

- PODEM DESCER, VOCÊS JÁ PAGARAM MESMO.

Quando vi que estava chegando (lembram que eu fico atenta em dobro?), levantei e apertei o botão. Notei que pelo espelhinho o motorista estava tentando fazer contato visual comigo e me avisar que estávamos perto do ponto. Não esperava que ele realmente avisasse. Posso adicionar mais um dedinho à contagem de motoristas que me avisaram de verdade sobre o ponto em que eu deveria descer.

O que foi bem maneiro.

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