terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Meu natal

Sei que andei sumida, mas tudo tem uma explicação.
Nesse natal eu fiquei meio bem mal. Tive uma infecção urinária e a minha família custa a acreditar que você está doente até que você comece a vomitar ou desmaiar, e mesmo assim, esses sintomas não lhe garantem remédios ou atenção.

Sempre quando penso nisso lembro de uma vez em que estava passando muito muito mal, vomitando à beça e não conseguindo beber ou comer nada. Era uma cena digna de pena, como vocês podem perceber, mas isso não sensibilizou o coraçãozinho da minha mãe. Oh, não, não mesmo. Depois de ter chamado por ela, ela entrou no meu quarto e ficou analisando a situação por uns cinco minutos:

Lá estava eu, com um balde do lado da cama, vomitando nada porque não tinha mais nada para colocar para fora.

Não sei qual seria a reação normal de uma mãe, e nem digo que a minha esteja errada, mas ela só me olhou e disse: “Já sei o que vou te dar!”

Suspirei aliviada, mas não tão aliviada porque realmente não sabia até onde podia respirar sem querer vomitar de novo e agradeci aos Deuses por terem feito ela se sensibilizar com a minha condição. Continuei pensando em todas essas coisas quando ela entrou no meu quarto com um copo de coca-cola.

- O que é isso?
- Coca-cola.
- ....Pra que?
- Pra você melhorar, ué.
- ...Mas...
- Bebe.
- Mas...
- Anda, Paula. Eu tenho mais o que fazer.

Lembro que fiquei muito revoltada e falei que ela era uma desalmada, irresponsável, insensível e durante todo o meu ataque ela ficou com o braço estendido, esperando.
Acabei tomando a coca-cola muito a contragosto pensando o que eu tinha feito na vida passada pra receber esse tipo de tratamento e olhando pra ela de uma forma que eu esperava traduzir “NÃO VAI FUNCIONAR E VOCÊ VAI FICAR ARREPENDIDA”
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Mas não é que funcionou?
Foi quase instantâneo.
Se eu soubesse que só precisava de um copo de coca-cola pra ficar boa... Não teria feito tanta cena. Tudo o que pude fazer foi olhar pra ela com uma cara de "ok... Valeu".


É exatamente por isso que não me dão muita bola quando fico doente. Não tenho um histórico muito bom com doenças, remédio e hipocondria. Sempre acho que tem alguma coisa errada, quando na verdade, não é nada. Então, acho que entendo quando só me levam no médico quando estou morrendo.

Não quer dizer que eu goste. Por exemplo, no natal foi bem ruim.

Pensei seriamente em começar a me arrastar pelo chão da casa chorando e sangrando pra ver se me levavam no médico (falei que sempre faço cena), mas ninguém iria me dar bola, então eu só fiquei esperando a dor passar.
Normalmente funciona, mas não dessa vez. A dor foi piorando e eu tive que falar com o meu pai. Não vou dizer que estava esperando por um apoio ou empatia da parte dele, na verdade, ele fez exatamente o que achei que faria, que foi:

NOSSA, MAS SINCERAMENTE, VOCÊ ESCOLHEU ESSA DATA DE PROPÓSITO PRA FICAR DOENTE, NÃO É MESMO?????

Aham, foi sim. Olhei no meu calendário e pensei “HMMMMM, Qual será a melhor data pra ficar doente e estragar a vida das pessoas??? Caraca!"


Nessas ocasiões, minha irmã acaba assumindo o papel de enfermeira e cuida de mim já que meu pai fica muito chateado achando que eu escolho datas de propósito.

Foi ela quem ligou pra farmácia para poder comprar remédios pra mim. O nome de um deles era Transamin, o que na hora eu achei que fosse muito engraçado.

- Alô, moço, você tem um remédio chamado... Qual o nome do remédio?
- Transamin.
- Transamin? ... Pera aí, moço. Minha irmã tá delirando. PARA DE RIR!

Depois ela quis pedir um anti-inflamatório e ele não podia vender sem receita, então, para sensibilizar o homem, ela começou a contar toda a minha vida para ele, mas isso não abalou o coração dele porque tudo o que recebemos de resposta foi: "Que merda, né. Ficar doente no Natal.”
Pois é, moço. Uma grande merda mesmo.


PS: To me recuperando, boatos dizem que irei sobreviver.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Do mesmo jeito

Hoje vou contar uma crônica, que não é bem minha, mas me identifiquei com a situação pelo simples fato de que às vezes eu queria ter um sobrenome/nome mais simples. Um que eu não precisasse ficar soletrando sempre e que ninguém criasse variações bizarras.

Já escrevi aqui o quanto é frustrante você ir ao Starbucks e fazer um pedido porque eles sempre erram o seu nome. Na verdade, não é o só o pessoal do Starbucks que erra nome, quem nunca teve o nome trocado em algum momento da vida? Acontece que no meu caso eu nem tento mais corrigir o erro, eu só deixo a pessoa me chamar de seja lá o que ela quiser.

Eu e minha irmã frequentamos o mesmo salão de beleza e sempre quem nos atende é uma moça chamada Carol. Essa semana eu passei lá pra dar um jeito na minha cara e ela me perguntou como andava a minha vida e no meio da conversa ela sempre dizia:

- Ai, Patrícia, você é muito engraçada mesmo.
- Você não tem jeito, Patrícia!
- Sua irmã deve ficar louca com você, Patrícia!

Normalmente eu só deixo a pessoa ficar me chamando pelo nome errado até que surja uma brecha para dizer “Poxa, que bacana, mas olha, meu nome não é esse...”. Porém, raramente eu aproveito essa oportunidade e só deixo pra lá. Tenho certeza que um dia alguém vai fazer esse favor por mim e corrigir a pessoa.

No entanto, tem vezes que não dá pra ignorar.
Tipo na vez em que fui a um evento e na hora de receber o crachá a mulher perguntou o meu nome:

- Paula Arbex.
- Como?
- Paula A-R-B-E-X. Arbex.
- Ah ta.

E quando recebi o crachá estava escrito:

PAULA CUBEX

- Moça... Tem alguma coisa errada...
- O que?
- Meu nome. Não é esse. 
- Ué, como assim?
- É ARBEX. AR. A-R. A de AMIGO e R de RATO.
- Ah... É parecido com o que tá escrito, né.

Aham, igualzinho. 

Eu nunca vou entender como a mulher conseguiu transformar ARBEX em CUBEX, mas bem, a vida tem dessas coisas.

Enfim, a situação que eu queria contar é na verdade da minha mãe, que foi ao mercado e na hora de pagar a moça do caixa leu o nome no cartão e disse:

- Ai, não acredito! Não acredito que achei uma Hévila!
- Nossa! Eu também não! É tão difícil achar alguém com esse nome...
- Nem me fale! Meu nome se escreve do mesmo jeito que o seu. Só que sem o H, com dois LL e N!
-... Ahn? Pera... Então... Como é o seu nome?
- Evillan.
- Ahn... Realmente, do mesmo jeito.