segunda-feira, 6 de julho de 2015

Lições de vida: Remédios

Quando eu digo que sou desastrada, as pessoas custam a acreditar porque eu passo a imagem de alguém muito organizada e comedida, que tem noções precisas dos movimentos. Também dizem que pareço antipática ou lésbica, mas isso é assunto para outro post.

Na real eu me vejo como uma pessoa muito estabanada. E acho que todos os meus movimentos, minto, tudo em mim dá a entender isso porque eu morro de medo de cair no chão ou esbarrar em alguém que esteja segurando líquidos ou coisa assim, chegou um momento da minha vida no qual eu andava pensando “por favor, não caia no chão”. Mas os Deuses ouvem as minhas preces? Às vezes sim, mas às vezes eles pensam “nah, vamos rir um pouco”.

Tipo em uma sexta-feira 13, na qual levantei para ir à faculdade e dentre todos os meus sapatos, resolvi colocar um que era meio derrapante? De fato, eu não o achei muito firme, mas eu tinha fé nas minhas habilidades e como quem acredita em si mesma, calcei o sapato e saí.

Nos primeiros passos eu derrapei um pouco, mas minha mãe me ensinou que a força do pensamento é muito importante, então sempre pensava “NÃO VOU CAIR”. Quando cheguei perto do portão, respirei aliviada porque tinha dado certo essa coisa do pensamento, né? Quem diria, acho que vou adotar isso para a minha vida. Só que mal terminei de concluir esse raciocínio quando escorreguei e caí no chão esfolando todo o meu joelho.

Reparem que não disse arranhando, nem machucando, nem tombando. Foi esfolando mesmo, de ficar só em carne viva. Quando liguei para a minha mãe contando o que aconteceu ela achou que eu estava de brincadeira, mas era muito sério! (mãe, não ri se você ler isso, você sabe que estava ruim)

Fiquei deitada no chão pensando por que meu deus, por que me punir de maneira tão odiosa quando ouvi a voz distante do porteiro me perguntando se eu estava bem. Eu lá, toda esfolada, caída no chão, com o joelho sangrando e o homem me pergunta se eu estou bem. Não sei. O que você acha?
Olhei para o rosto dele e disse “Tô, sim. É que o dia tá tão bonito que resolvi dar uma sentada aqui nesse chão imundo”. Mentira, não respondi dessa forma, mas pensei seriamente na possibilidade. Ao invés disso, só disse que estava, levantei e fui mancando para o meu ponto de ônibus.

Ao longo da semana me vi tomada por uma vontade louca de fazer exercícios. É impressionante isso. Quando você pode se exercitar, não faz nada porque tem preguiça, mas quando você está impossibilitado, seja por um machucado, ou mau tempo, baixa uma Gabriela Pugliesi em você e parece que se você ficar parado vai explodir de tanta energia acumulada.

Aqui de boas vendo a vida passar (Imagem: Google)


Foram semanas de muito sofrimento e tentativas frustradas de me exercitar sem mexer muito o joelho. Semanas que poderiam ser apenas alguns dias caso eu tivesse deixado de ser burra e usado Merthiolate logo de início, mas não, óbvio que não. Ao invés de confiar na minha mãe que parece uma feiticeira, fui dar ouvidos ao meu pai, que é um amor, mas que não sabe de nada dos paranauês.

Ele me disse que se usasse Nebacetin a ferida iria cicatrizar mais rápido e como eu não tinha motivos para desconfiar, usei aquela pomada todos os dias, na esperança de que, quem sabe, meu joelho ficasse bom logo. Mas os dias iam passando e nada do meu joelho melhorar, na verdade, ele estava até ficando mais feio, começou a sair umas coisas dele etc.... Nada maneiro.

Foi quando a minha mãe disse:
- Credo, que coisa horrível, garota. Usa Merthiolate nesse joelho.
- Aff, mas Merthiolate nem funciona. Todo mundo sabe que é só uma aguinha que os pais colocam no machucado.
- Deixa de ser burra e faz o que eu tô pedindo.

Eu fiz, né. Com muita má vontade, mas fiz. E adivinhem só????

Sim. Isso mesmo.
Melhorou em uns quatro dias. Criou casquinha e tudo o mais.
Muito revoltada por ter sido feita de boba, fui falar com o meu pai como ele tem a coragem de recomendar um remédio que não funciona e ele só respondeu “E eu lá ia saber???”

Fica aí a lição para vocês. Se esfolarem alguma parte do corpo, usar sempre Merthiolate. Nebacetin só para ferimentos superficiais ou, algo que eu descobri recentemente, se você tiver cutucado uma espinha interna assim, sem querer, e ela crescer e se transformar em um monstro horrendo que vive a encarar tudo a sua volta, Nebacetin também ajuda. Usei uns dois dias e a espinha já tinha voltado a ser uma espinha normal.