Não lembro qual foi o meu primeiro aparelho de som. Desconfio de que tenha sido um diskman (tô me sentindo bem velha) quando eu tinha uns 12 anos. Todo mundo lembra dele, né? Aquele aparelho que precisava do CD para ouvir música e que por isso muitas vezes arranhava, e você tinha que andar com aquele trambolho pra lá e pra cá. Lembrando que por ser muito grande e por ter um CD dentro, você não tinha como colocar no bolso ou colocar dentro da mochila, pois corria o risco do aparelho ser soterrado com todas as suas coisas.
Desde então, eu nunca mais parei de usar fones. Depois que o diskman sumiu misteriosamente (realmente não lembro o que aconteceu com ele), passou pela minha mão vários aparelhos, de um MP3 azul no qual cabiam 25 músicas, a um Iphone que cabiam 500. No entanto, o que durou mais tempo e que por anos de maus-tratos me aguentou, foi o meu Ipod Nano 4. Ganhei de presente de aniversário e ele sempre resistiu a todas as provações do mundo: caídas no chão, sumiços, puxões, mais caídas, e, no entanto, ele nunca me decepcionou.
Até o fatídico dia de sua morte.
Tinha sido um dia bem ruim. Agora já não lembro exatamente o que aconteceu, mas eu não estava em uma vibe muito boa. Por isso, tinha decidido ficar quieitinha em casa e só saí para poder levar a Layla para passear.
O passeio tinha sido ok. Até tive esperanças de que tudo ia ficar bem, afinal. Não tinha nada com o que me preocupar e a vida, de repente, não me pareceu assim tão ruim. Mas a vida tem dessas coisas, às vezes ela te dá um momento de paz, só para te jogar no meio de uma tempestade sem te avisar nada.
Foi mais ou menos isso que aconteceu. Assim, metaforicamente falando, é claro. Quando cheguei em casa, decidi tomar um banho. Cantarolei também porque me baixou um espírito de euforia surpreendente vindo do nada. Não sei se já aconteceu com vocês, mas quem nunca teve aquele pensamento que surge dos confins do inferno da sua mente, te dá um soco na cara e você se dá conta de que alguma merda você fez/aconteceu? Eu sempre. Dessa vez o pensamento foi: Paula, você tirou o ipod do bolso?
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Tirou?
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Tirei?
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Tirei?
Não, claro que não tirei. Acho que nunca saí de um banho tão rápido em toda a minha vida. Rezei para que a minha mãe tivesse dado uma olhada no bolso antes de jogar na máquina.
Adiantou alguma coisa?
Não, né. Imagina se funcionasse.
Abri a máquina de lavar, vasculhei no meio de toda aquela roupa molhada pelos meus shorts, e achei o Ipod no fundo da máquina. O fone continuava junto ao shorts. Tentei ligar o Ipod, mas ele não me respondia. Fiquei desesperada.
Uma vez li na internet que se um aparelho entrasse em contato com água, você podia colocá-lo dentro de um pote de arroz que os grãos iriam puxar água e tudo ficaria bem. Pra quem já tá na merda, né, não custa nada tentar.
Deixei o Ipod naquele pote de arroz por dois dias, mas apenas o fone sobreviveu. Fiz um enterro fúnebre ao Ipod, com direito a despedida na lata de lixo dizendo o quão bom ele tinha sido e que eu talvez nunca mais encontrasse um aparelho de som tão resistente, e fechei a tampa sem nunca olhar para trás.
O que a gente aprende com essa minha história???
- Sempre cheque os bolsos antes de colocar as roupas para lavar. Você nunca sabe o que pode estar lá dentro.
- E seja gentil com os aparelhos de música, eles podem te abandonar assim do nada.
- Acho que a Apple podia lançar um estudo para fones de ouvido à prova d'água. Tipo esse que sobreviveu.
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